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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Mais hidrelétricas na amazônia

Cinco bacias hidrográficas localizadas no Estado do Amazonas estão sendo inventariadas pelo governo federal para que seja avaliada a possibilidade de construção de hidrelétricas, a exemplo de Belo Monte, no Pará: bacia do rio Negro, no Norte do Estado, Bacia do Sucunduri, Bacia do Acari e Bacia do Aripuanã, as três últimas na região do município de Apuí, a 455m28 quilômetros de Manaus, e Bacia do Jatapu.
Somente nas últimas três bacias, há nove unidades de conservação estaduais e pelo menos cinco federais de diferentes modalidades. Uma delas é a Floresta Estadual de Sucunduri.
Os estudos do potencial energética destas bacias integram o chamado PAC 5 e PAC Energia, mas os detalhes ainda são pouco conhecidos e o governo federal não fez a divulgação oficial do planejamento.
Sucunduri e Acari são bacias famosas pela grande diversidade de espécies animais e vegetais, além de uma fauna aquática de riqueza incalculável e de ser habitada por numerosas populações ribeirinhas.
Outra bacia localizada na divisa do Amazonas e Roraima, a do rio Jatapu, também está sendo estudada.
Ameaças
Izac Theobald, chefe do mosaico do Apuí, bloco que forma nove unidades de conservação estaduais, disse que a construção de hidrelétricas nestas áreas provocaria grandes danos ao meio ambiente, às espécies aquáticas e mamíferas, além de prejudicar o deslocamento e sobrevivência dos ribeirinhos.
Um dos maiores danos ocorreria na Cachoeira do Monte Cristo, de “forte beleza cênica”, não encontrada em outro lugar do mundo, segundo Theobald.
A margem da cachoeira é um habitat natural de várias espécies e é conhecido como “berço da anta”, para onde o animal se dirige para se alimentar de plantas aquáticas. “Com uma hidrelétrica, este local sumiria do mapa”, diz Theolbald.
A população de ribeirinhos também seria prejudicada, já que a presença humana nestas áreas é intensa.
“Estas obras poderiam comprometer o acesso dos ribeirinhos. A bacia de Acari, por exemplo, é rica em castanha”, disse ele.
O rio Sucunduri é afluente do rio Canumã e este, do rio Madeira. O Acari é afluente do rio Sucunduri. Este tem como principal característica o fato de encher e secar muito rápido, já que várias bacias deságuam nele.
Planejamento
O inventário sobre o potencial energético das bacias dentro do território do Amazonas faz parte um estudo maior do PAC Energia.
Ele analisa as localizações para fazer o reservatório de energia, área que seria alagada, potencial de megawatts e custos.
Em uma segunda fase, ocorrem os estudos de viabilidade técnica.
A realização dos estudos não foi divulgada oficialmente, mas uma cópia do levantamento foi apresentado ao portal acritica.com, extra-oficialmente, pela coordenadora de Energia e Infraestrutura Amazônia da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, Telma Monteiro, que já desenvolve trabalhos sobre os impactos das hidrelétricas na Amazônia há vários anos.
Telma Monteiro vê com preocupação a realização destes estudos e planejamento de construir hidrelétricas no Amazonas. Segundo ela, a bacia mais prejudicada com a construção dessas usinas seria justamente a calha de todo o rio Amazonas.
O acritica.com entrou em contato com a assessoria de imprensa da Emprega de Pesquisa Energética (EPE), vinculada à Eletrobras, enviando por email perguntas sobre as obras de hidrelétricas na Amazônia e no Amazonas.
Como resposta, a assessoria apenas reiterou planejamento já conhecido (embora pouco divulgado) de que estão previstas pelo menos 20 hidrelétricas para a Amazônia até 2020.
As localidades não foram mencionadas porque, segundo a assessoria, o Plano Decenal de Energia não foi divulgado oficialmente pelo governo federal.
No último dia 21 de março, o Diário Oficial da União publicou que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prorrogou o prazo para a entrega dos estudos do inventário hidrelétrico do rio Sucunduri, a pedido da EPE, para o dia de 30 de junho.

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